Com a leitura do poema de Carlos Drummond de Andrade, "Definitivo", começamos a falar sobre A dor no parto.
Falar sobre dor é um assunto muito delicado, porque as dores da alma e as dores físicas são bem distintas e relativas. O limiar da dor física para algumas é mínimo, enquanto outras suportam fisicamente sem grande desespero.
A dor no parto é vista como uma passagem, um rito e deve ser sentida como a presença cada vez mais próxima do bebê, como uma dor piedosa que vem como ondas e não é constante.
Para outros, a dor no parto é sinônimo de sofrimento.
Neste encontro, tivemos a presença de várias mães Ishtar com seus bebês que fizeram lindos relatos e destacaram como enfrentaram a dor durante seus partos.
Carol Cançado, com Ernesto;
Sâmea Lacerda, com Heitor;
Nina Schubart, com Martin.
Obrigada a todas!
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Definitivo
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
segunda-feira, 28 de abril de 2014
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